👋 Boas-vindas às novas 119 pessoas que se inscreveram no the jobs na última semana, a newsletter para os profissionais mais preparados (e disputados) dessa geração. Agora, somos 114.648 leitores criando a maior comunidade de carreira do Brasil.

OS PRINCIPAIS PONTOS SOBRE O QUE VAMOS CONVERSAR HOJE:

Nessa edição:

👉 A introdução de um desafio quase que universal entre pessoas de grandes ambições: ter mais foco.

👉 Uma pesquisa (e um livro) de uma psicóloga da New York University sobre os 4 músculos da atenção.

👉 Como treinar os 4 músculos da sua atenção, com exemplos aplicados ao seu dia a dia.

Fala, Jobs!

Quero começar esse 1:1 com uma história real minha. Acredito que você vai se identificar (talvez até demais)

Sábado, 9h. Enchi meu copo de café, abri o notebook e logo me veio a sensação de estar perdendo a guerra, algo nessa linha, porque na minha frente tinham 14 abas abertas; mensagens de WhatsApp se multiplicando como coelhos com centenas (sim, centenas) não lidas; dois projetos grandes do trabalho se arrastando pra serem concluídos; e, no fundo da minha mente, lembretes constantes de lembrar de treinar, ligar pros meus pais e ainda planejar o conteúdo de social media da semana.

Shit. Minha atenção virou uma bolinha de ping pong.

Sem contar que eu ainda tinha que escrever a edição do the jobs dessa semana.

O planejamento do lançamento do nosso próximo produto ameaçava engolir meu fim de semana. Tudo gritava URGENTE e nada parecia realmente “fazível”.

E foi assim que eu tive a ideia do texto de hoje. Eu comecei a me questionar e pesquisar sobre o desejo de “querer se multiplicar” (ou, na verdade, a sensação de estar sempre devendo algo com um mar enorme de coisas pra fazer).

E, pesquisando, começou a ficar mais claro: o problema não era falta de força de vontade nem técnica de gestão do tempo. O problema era como eu estava direcionando minha atenção.

Eu já acreditei que gente de alta performance nasce com a genética do foco melhor, sei lá, algo assim. Mas não é o caso… Essas pessoas só entenderam uma coisa que muita gente ignora, que é: dá pra treinar sua atenção com a mesma intencionalidade com que você treina seus músculos na academia.

Vivemos uma crise de atenção que nossos pais não tiveram que enfrentar. Notificações de social, pings do Slack, alertas de email, feed infinito… Resultado? Um estado chamado de atenção parcial contínua.

Você tá sempre online, mas quase nunca presente. Perpetuamente disperso.

Além de incrivelmente chato, isso é uma sabotagem ativa. Quando você nunca está inteiro em nada, as metas ganham cara de Everest. Tudo fica mais difícil porque sua atenção tá tentando monitorar cinco prioridades “mais importantes” ao mesmo tempo. No fim, todas são empurradas pra periferia do seu foco e aí acontece o que todo mundo odeia: o dia passa e você termina ele, mesmo trabalhando bastante, com o sentimento de que fez muito menos do que deveria.

Esse é um texto pra te falar que existe uma chance alta de que você não perde o foco por ser preguiçogo, mas sim porque sua atenção é um sistema que se despedaça facilmente, principalmente se você não o treina.

Fui pesquisar mais e cheguei em uma bela referência: a psicóloga Emily Balcetis (coloquei os links e referências ao final da edição pros curiosos aprofundarem, se quiserem) e seu livro, chamado Clearer, Closer, Better. Quando o Adam Grant indica um livro (Get ready for this book to change how you see everything you see" foi o que ele falou sobre o livro da Dra. Balcetis), você para pra entender mais sobre ele.

A proposta que ela traz é que a atenção precisa ser encarada como músculos diferentes (existem 4) que podem ser treinados.

É sobre isso que falaremos no nosso 1:1 de hoje.

Vamos nessa?

🦾 Fluência em Inteligência Artificial?

Antes de mergulhar na big idea, um recado de amigo: nós já falamos que estamos construindo um produto chamado Copiloto de Carreira. Esse produto está sendo construído com base na sua opinião e nas últimas enquetes que vocês, leitores do the jobs, responderam. Esse produto será lançado entre outubro e novembro.

E nós vimos também que muitos de vocês pediram conteúdos sobre IA, mas que vocês não querem deixar de receber o the jobs com edições sobre soft skills e outros assuntos relacionados a performance e como ser melhor no trabalho. Em resumo: a turma não quer que o the jobs vire somente uma publicação sobre IA.

Por conta disso, começamos a escrever uma outra newsletter focada em IA. O link pra você se inscrever gratuitamente e o primeiro texto estão aqui.

Spoiler: esse primeiro texto fala sobre como os profissionais hoje estão parecendo Alice no País das Maravilhas usando IA (ou seria Alice no País das IAs?) e vai te trazer uma clareza do que é a base sólida pra usar bem IA no seu trabalho.

A não tão sutil arte de treinar sua atenção.

A Dra. Emily Balcetis estuda como nossa atenção molda nossa realidade. Ela tem uma imagem que eu curti bastante: seus olhos são uma lanterna. O feixe central captura cor e detalhe; a borda percebe movimento, mas é ruim de nitidez.

Ela sugere fazer um experimento caseiro: peça pra alguém trazer um cartão pela lateral do seu campo visual e só pare quando você conseguir dizer de que cor é. Você vai se surpreender com o quão perto do centro precisa chegar pra você realmente ver a cor.

Em resumo: periferia percebe movimento; centro enxerga detalhes e cor.

Só que “ver” não significa “prestar atenção”. Uai. Quem nunca leu 3 páginas inteiras e percebeu que a cabeça viajou?

Os olhos varreram as linhas, mas a consciência não registrou nada. Acontece igual com nosso trabalho. A gente acha que jogar horas num trabalho é “focar”, quando uma parte relevante da atenção está dissipada em outros pontos. Resultado: oito horas “ocupado” e zero avanço concreto no que mais importa. Cansaço sem energia.

A conclusão parece simples, mas é muito relevante: atenção determina o que o cérebro processa. Quando falo que é muito relevante, é porque a gente sabe o que quer, mas a gente ignora as engrenagens da atenção que habilitam o caminho até lá. Olha que doido.

A atenção é composta por 4 músculos e cada um deles tem um treino específico.

Quando você diz “preciso prestar atenção”, você está falando de: o que você olha + no que você pensa + como o cérebro junta e dá significado = o que realmente ganha foco.

E a Dra. Balcetis defende, entre outras coisas no seu livro, que o treino funciona pra isso também.

1⃣ O músculo do foco visual.

Primeiro componente: sua habilidade de estreitar ou alargar o holofote. Quando esse músculo tá forte, uma meta pode literalmente parecer mais perto.

A Dra. Balcetis descobriu que estreitar o foco visual (ou seja: olhar intensamente pra um alvo específico, em vez de varrer o ambiente) faz a gente perceber esse alvo como mais próximo do que ele realmente está.

E isso muda comportamento, não só percepção. Em estudos com corrida e caminhada que ela traz, quem fixa o olhar num ponto à frente tende a forçar um pouco mais e ir mais longe do que quem deixa a atenção vagar pelo entorno.

Você pode treinar isso no físico caminhando ou correndo, escolhendo um ponto claro e prendendo o olhar nele, mas no trabalho você pode colocar um marcador visual de conclusão no seu campo de visão. Pode ser um quadro branco com os milestones da semana, um card fixo no monitor, um post-it com o “definição de pronto” do job. O truque é tornar o alvo visível e estreitar o feixe para ele (gestão à vista).

Anotação rápida aqui: ninguém tá falando que “escrever algo na parede” vai mudar seu trabalho. Nós estamos falando de como isso vai impactar positivamente, de acordo com as pesquisas do livro, na sua capacidade de sustentar atenção e, consequentemente, vai te ajudar no trabalho.

👉 Como aplicar isso ao seu trabalho?

  • Quão claro está o seu foco de cada um dos dias? Você pode terminar um dia deixando claro os top 3 entregáveis do outro dia. Isso estreita o foco visual, por exemplo.

  • Você começa reuniões com objetivos claros? Isso também estreita.

  • Deixar em uma única aba o que você está executando também estreita seu foco visual.

  • Agendar duas janelas fixas ao longo do dia pra chegar emails e mensagens também ajuda.

Percebe o que estamos fazendo aqui? São vários exemplos nos quais a nossa atenção está sendo treinada (tem gente que treina dispersando ela e gente que treina estreitando ela). Quando esse músculo funciona, vem o próximo desafio: conectar esse foco com resultados futuros que importam.

2⃣ O músculo da conexão temporal.

Aqui entra sua capacidade de ligar o hoje ao amanhã. Esse músculo decide se o sacrifício de agora vale o benefício de depois. Nosso cérebro é meio míope pro “eu do futuro”, sempre deixando ele de lado.

Em colaboração com o pesquisador Hal Hershfield da UCLA, a Dra. Balcetis fez uma pesquisa onde participantes viram versões digitalmente envelhecidas de si mesmos (tipo você em 30, 40 anos). Depois responderam: se você recebesse R$ 1.000 inesperados, quanto guardaria pra aposentadoria?

Olha que doido: só de encarar a própria versão futura por alguns minutos, as pessoas salvaram o dobro do que quem não viu. O futuro vira alguém real, não um estranho.

É por isso que a visualização, quando feita do jeito certo (detalhado e específico, não só pensamento positivo) funciona: pensa em terça-feira de manhã depois que você bateu a meta: o que você faz? Como você se sente? Que problema sumiu da sua agenda? Visualizar esses hábitos, com o contexto, com as fricções que deixaram de existir, tudo isso traz especificidade e ajuda.

👉 Como aplicar isso ao seu trabalho?

  • Você tem clareza de qual é a métrica de efeito de cada uma das tarefas que está executando? Ou nem parou pra pensar no resultado que isso gera? Isso é treinar o músculo da conexão temporal.

  • Quando você manda um update pro seu líder, você inclui o impacto esperado e próximos passos ou foca só no que foi executavo? Isso também é treinar o músculo da conexão temporal.

Com o futuro ganhando forma, vem a parte que separa otimista ingênuo de líder estratégico.

3⃣ O músculo do processamento de obstáculos.

Essa história de “pensar positivo e só imaginar a vitória” pode, ironicamente, tirar a sua energia.

Olha que legal essa pesquisa: a pesquisadora Gabrielle Oettingen da NYU mediu a pressão arterial da turma enquanto pessoas faziam diferentes visualizações. Quem só fantasiava o final feliz mostrou pressão mais baixa (em termos simples, menos prontidão pra agir). Quem manteve energia alta foi quem combinou visualização positiva + planejamento de obstáculos: imaginaram o desfecho desejado e também os prováveis perrengues, com planos pra cada um.

A recomendação de treinar esse músculo é, primeiro, pensar no final vívido: como é o “bom de verdade”? Tente descrever com detalhes e critérios de sucesso. Depois, pense nas 3 principais pedras no caminho: quais são as barreiras mais prováveis? (ex.: ruído do WhatsApp, email e Slack tirando o foco; dependência do departamento jurídico pra aprovar algo; sua crença de que naõ tem tempo…)

👉 Como aplicar isso ao seu trabalho?

  • Quando você depende de outra área, você envia dois possíveis caminhos, como plano A e B, ou só aguarda e depende dessa área? Isso é treinar o músculo de processamento de obstáculos.

  • Você costuma levantar as principais objeções antes das suas apresentações e conversas com líderes de projeto, por exemplo?

4⃣ O músculo da flexibilidade cognitiva.

Até aqui, falamos de músculos diretamente ligados a um objetivo, mas esse músculo 4 é um negócio à parte, mais ligado à criatividade. É tipo um corredor fazer yoga pra correr melhor, mesma lógica: treinar algo diferente e ainda assim melhorar.

A Dra. Balcetis cita, por exemplo, o caso de um CEO que tem um hábito curioso: listar 10 coisas por dia (não relacionadas ao trabalho). É observação e conexão. Por exemplo: o cara vai pra restaurantes, cafés e padarias e pensa em 10 coisas que poderiam ser feitas ali. Um hábito pra treinar criatividade e resolução de problema.

A recomendação de treinar esse músculo é escolher uma prática que exija foco, mas não esteja colada no seu core business. Algo que sustente atenção e alargue seus caminhos neurais: doodling, palavras cruzadas, listar essas 10 coisas. Eu gosto, por exemplo, de jogar sudoku e também gosto de assistir vídeos nada relacionados ao meu tema de trabalho (gosto de histórias de vida, documentários e clipes de música) e fico tentando perceber o que guiou a decisão, por exemplo, de filmar desse jeito, daquele ângulo, com esse tom etc.

Parece irrelevante, só que não é. Você fica mais ágil pra alternar entre modos de atenção (macro → micro, profundo → criativo) e isso paga dividendo onde mais interessa: no seu trabalho.

👉 Como aplicar isso ao seu trabalho?

  • O que você está observando relacionado ao seu trabalho? Estratégia de um concorrente? Processos diferentes de uma outra área da sua empresa que pode ser adaptado à sua? Biblioteca de anúncios da Meta com estratégias das principais marcas do mundo?

  • Você costuma pensar, por exemplo, em quais são as 3 outras maneiras que você poderia entregar essa tarefa pro seu líder? Quais são as 3 maneiras mais criativas? E as 3 mais ousadas? Simplesmente por pensar.

5⃣ Sua atenção é um sistema treinável.

Quero ser bem explícito aqui: a diferença entre quem chega onde quer e quem estaciona nem sempre é talento, sorte ou oportunidade. Você já sabe disso. Existe timing, existe um pouco de sorte e acaso e, muitas vezes, é a capacidade de focar e dominar essa atenção intencional.

Em 2025, com notificação piscando, feed infinito e “atenção parcial contínua”, essa habilidade vira cada vez mais um ativo escasso. A virada de chave vem quando você para de tratar atenção como traço fixo (“sou ansioso”, “não consigo focar”) e passa a enxergar como um sistema treinável.

A pergunta final acaba se tornando: “eu tô disposto a treinar os músculos que tornam essa meta inevitável?”. Inevitável é uma boa palavra aqui.

Beleza, Jobs. Mas e se meu contexto é caótico?

Uai. Vida real. Welcome to the club, porque se você tem ambições, você vai precisar aprender a navegar no caos sem mar calmo.

Aí vai da sua criatividade. Como você consegue negociar janelas de foco no seu trabalho? Conte a narrativa certa: “Se eu tiver 2 blocos de 60 min sem interrupção, eu adianto X entregas e reduzo Y retrabalho.” Use dados, não desabafo.

Como você consegue se antecipar ao que já conhece e sabe que pode acontecer? Por exemplo: se o time jurídico atrasa sempre, você antecipa: manda o draft com dois caminhos possíveis, acorda SLAs realistas, e compartilha status numa cadência previsível (sem depender daquele “tem um minuto?” no corredor).

Quem entrega não é a pessoa que nunca é interrompida. É a que treina a atenção pra manter intenção mesmo quando o caos reina.

Se você for lembrar de apenas uma coisa, lembre-se disso: sua atenção define se suas metas acontecem ou morrem. Dá pra treinar sua atenção.

  • 📚 Esse é o livro da Dra. Balcetis. Pra conhecer mais a Balcetis, clique aqui ou aqui também.

  • 👀 Eu fiz um post no Instagram que deu uma baita viralizada (e foi por um motivo bem legal: a turma amou o post kkk). Clique aqui pra ler. Vai valer o seu tempo e aposto que vai ser o conteúdo mais útil do seu dia. Se você curtir, deixe um comentário dizendo que veio do the jobs 😉

  • 😆 Pra dar uma risada: quanto você pagaria por isso? Eu pagaria caro.

  • 🎵 SAIU A NOSSA PLAYLIST COUNTRY (e similares, risos) e nós apostamos muito alto que é impossível sair de lá sem curtir pelo menos 34 músicas novas diferentes. Números baseados em pesquisas (Instituto VMC — Vozes da Minha Cabeça). É só clicar ali no primeiro link e curtir.

  • 🎥 Estamos devendo o episódio 3 da construção da nossa startup, mas é porque tem muita coisa rolando. Risos. Enquanto isso, acompanhe os outros 2 episódios aqui.

Boa, chegamos ao final de mais um 1:1!

Se você acha que ainda podemos melhorar, por favor, não hesite em mandar o feedback!

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Nos encontramos na semana que vem — e espero que você consiga traduzir essa edição para o seu dia a dia.

Se eu puder ajudar com algo, não hesite em me mandar uma DM e dizer que veio do the jobs.

🆘 Ou, se for algo mais técnico, clique aqui pra falar com o nosso suporte. Eles resolvem rapidinho.

Um abraço e let’s f*cking go,

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