#232: gourmetizaram a saúde mental

(ou: como fazer o autocuidado ser sua vantagem competitiva)

👋 Boas-vindas às novas 155 pessoas que se inscreveram no the jobs na última semana! Com vocês, somos 112.126 leitores na maior comunidade de futuros&novos líderes do Brasil.

❤️ um rápido recado aos leitores gratuitos: essa é uma edição mais completa pra você. Espero que curta!

RESUMO DOS ASSUNTOS DE HOJE PRA QUEM TÁ NA CORRERIA:

Nessa edição:

👉️ Como transformaram o autocuidado e saúde mental em uma indústria gourmetizada (e desconectada da vida real);

👉️ Por que é difícil falar de saúde mental (e como precisamos encarar isso);

👉️ As 5 dimensões do autocuidado (e como construir seu inventário de táticas);

👉️ Por que ter ambição é, na verdade, uma das principais ferramentas de saúde mental (continua no vídeo do YouTube);

👉️ Um GPT customizado e prompts para te ajudar a trabalhar melhor seu autocuidado e saúde mental com ajuda da inteligência artificial.

⚠️ Spoiler: a newsletter de hoje continua com um vídeo no YouTube. Recebemos muitos feedbacks positivos dos vídeos e vamos testar esse novo formato em algumas edições. Conta pra gente o que achou no final?

CHEGOU A HORA DO NOSSO 1:1 SEMANAL.

Fala, Jobs!

Eu já estava com esse assunto “engasgado” há muito tempo. Na minha opinião, este será um dos posts mais importantes do ano até agora (se não for principal).

Senti que hoje era o dia de colocar isso pra fora — até porque gastei algumas horas lendo estudos e pesquisas pra trazer um conteúdo robusto e não simplesmente parecer que estou emitindo uma simples opinião pessoal.

Esse é um post em defesa da vontade de crescer.

É um post que protege o “querer mais” e o “buscar chegar lá”.

É um post para te convencer a colocar a ambição como uma das principais ferramentas de saúde mental que você pode ter — mas é a ambição certa; não a ambição simplista de “quero ser milionário”.

👉️ Pra entender como a ambição pode ser essa ferramenta incrível de saúde mental, você pode clicar aqui e continuar o assunto dessa newsletter lá no YouTube — mas já adianto: é melhor ler o texto primeiro. A experiência vai ser ainda mais completa.

Quero começar dizendo que sempre quando alguém começava a falar sobre autocuidado e saúde mental, eu sentia que o papo rapidamente escorregava pra uma mistura de “banho de espuma, acender um incenso importado, escrever frases de afirmação com canetinha colorida no seu planner e/ou abraçar árvores”.

Pra ser mais atual ainda, parece que “acordar às 4:30h, esfregar casca de banana no rosto e mergulhar a cabeça em uma bacia de água e muito gelo” virou o novo padrão de autocuidado (se você não entendeu o que estou falando, depois pesquise Ashton Hall).

E, honestamente, sempre achei esse papo meio cringe (sou millenial, mas me senti Gen Z agora escrevendo isso, risos).

Na verdade, bem mais que cringe — esse papo é desconectado da vida real. Não só produtizaram o autocuidado e a saúde mental, como fizeram deles produtos gourmet.

(a geração de imagens e ilustrações do GPT tá ficando cada vez melhor… nós que criamos esses)

É um assunto difícil de falar, mas é um assunto necessário.

Por que virou um assunto desconectado da vida real?

O autocuidado está sendo tratado como o que você pode comprar pra si mesmo, não como um trabalho interno em si mesmo.

O “me mimei” virou uma indústria que levou a atenção pra produtos (que parecem de gente alternativa) em detrimento de falar do que realmente funciona pra nossa saúde mental, como saber escolher batalhas, conseguir criar limites e ter as ambições certas (assuntos da edição de hoje).

Autocuidado e saúde mental não deveria ter nada a ver com comprar algo. Isso faz com que as pessoas olhem pra esses produtos e práticas e pensem “saúde mental e autocuidado não é pra mim”.

Não consigo dizer em melhores palavras: é pra todo mundo.

Autocuidado é um trabalho muito mais profundo do que comprar algo. Existe uma diferença enorme entre buscar um alívio temporário pra um incômodo versus realizar o trabalho duro e esforço de cuidar de si mesmo.

Ao mesmo tempo, saúde mental também é um tema negligenciado — nós vivemos hoje o pico de afastamentos do trabalho por motivos de saúde mental no Brasil:

Se é o assunto é tão importante, por que, então, é tão difícil falar sobre o tema?

Essa parte é muito importante. É a parte dedicada às pessoas que são mais céticas sobre o tema de saúde mental.

E é importante, porque além de pesquisar, eu também conversei com bastante gente sobre esse assunto.

PS: não seja aquela pessoa que parece ter a maturidade de um adolescente de 15 anos e que diz que terapia é pra “quem não dá conta” e outros comentários abomináveis como esse. Talvez a melhor referência pra quem ainda pensa esse tipo de coisa seja conhecer melhor a história do Michael Phelps.

Indo além de comentários sem noção como esse acima, eu dentifiquei 5 principais pontos que trazem ceticismo ao tema — e é importante falar sobre eles logo no começo dessa edição.

1️⃣ As pessoas confundem colocar limites com perder oportunidades.

Quando falamos de saúde mental e autocuidado, precisamos falar de impor limites e dizer mais “nãos”. Parece que “dizer não” faz você parecer menos capaz que outras pessoas, menos comprometido ou até menos ambicioso (sou “culpado” nisso, porque essa foi a minha percepção durante boa parte dos primeiros 10 anos da minha carreira).

O contraponto: achar que precisa dizer sim pra tudo é escolher ser medíocre. Gente boa não é escolhida pelo tanto que se sacrifica, mas sim pela qualidade do que entrega. Se você não aprende a priorizar, nunca será visto como alguém relevante e estratégico.

2️⃣ As pessoas têm medo do julgamento dos seus líderes e pares.

Existe uma crença comum de que “esse papo de saúde mental parece legal no papel ou em um TED Talk, mas as pessoas do meu trabalho, principalmente meu chefe, não compram muito esse tipo de conversa”.

O contraponto: esse é o mundo real — seu líder não vai cuidar do seu bem-estar. O seu chefe vai aceitar exatamente o que você ensinar pra ele. Quem quer ser visto como líder precisa começar liderando a si mesmo. Gente que se posiciona ganha mais respeito do que quem vive no modo submisso.

3️⃣ As pessoas acreditam que o único caminho de crescimento é o “trabalhar mais duro que todos”.

Existe uma romantização do hustle, principalmente nos primeiros anos de carreira.

De novo, eu também sou “culpado” nisso — sempre enxerguei muito as coisas dessa maneira: se você quer ser diferente, você precisa fazer o diferente.

O contraponto: trabalhar muito é diferente de “trabalhar burro”. O que faz você crescer não é o tanto que você trabalha — é o tanto que você aprende, evolui e gera impacto. Isso só acontece quando você não vive no modo sobrevivência.

PS: eu continuo acreditando que trabalhar duro é o melhor caminho de crescimento na carreira, mas agora enxergo “trabalhar duro” também como “trabalhar de maneira mais inteligente” e também “trabalhar em coisas alinhadas aos meus valores e princípios”, não só como “trabalhar por mais horas”.

4️⃣ As pessoas acreditam que isso é mais fácil pra quem já tem poder e/ou senioridade.

É aquela sensação de que “só quem já chegou lá pode se dar ao luxo de colocar limites”. Parece que pra quem tá começando isso ainda não é viável.

O contraponto: tem gente que enxerga “colocar limite” como luxo de quem chegou lá. Se você encaixa nessa categoria, te convido a tentar enxergar “colocar limite” como pré-requisito pra chegar lá (truco).

5️⃣ As pessoas não fazem a menor ideia de como implementar o autocuidado na prática.

Na teoria, faz sentido e ecoa dentro das pessoas, mas, na prática, comunicar limites, “dizer não” e enfrentar desconfortos sociais exige algumas habilidades emocionais que muita gente ainda tá desenvolvendo — e aí fica difícil mesmo.

O contraponto: uai, é claro que é difícil. Crescer é difícil. Ser bom é difícil. Ser líder é difícil. O problema é querer que as coisas sejam fáceis, e não que sejam certas.

Corro o risco dessa frase soar meio coach, mas tudo que importa na vida começa desconfortável: aprender a liderar, aprender a se posicionar, aprender a se priorizar. Esse é o jogo de quem cresce.

A FRASE DA SEMANA 💭 

Se algum desses pontos começou a te incomodar e se o tema saúde mental/autocuidado por algum motivo te traz desconforto, chegou a hora de citar a nossa frase da semana:

A verdade tem esse efeito estranho: primeiro ela provoca, incomoda — às vezes, até machuca. Depois, ela te destrava e te liberta.

É assim quando a gente se depara com ideias que batem de frente com as nossas certezas.

Se você nunca se sente desconfortável lendo alguma coisa, provavelmente não tá crescendo como poderia estar.

Isso é psicologia comportamental: aprender exige desapegar das próprias verdades, questionar, repensar.

E, como diz Adam Grant em Pense de Novo (livro que está no meu Top 5) descobrir que você estava errado não é sinal de fracasso, é sinal de evolução.

👉️ PS: o conteúdo continua depois do anúncio do nosso parceiro.

APRESENTADO POR RANDONCORP

Qual é o próximo desafio?

Você já passou daquela fase de aprender o básico.

Agora, entrega com consistência, conhece os atalhos, antecipa problemas. E isso pode fazer você se sentir estagnado, sem novos desafios.

Pensar em outro cargo — ou empresa — não é impulso. Pode ser mais um passo estratégico da sua carreira.

Eu tô falando de um novo desafio como líder. Se você se formou entre 2021 e 2024, tem inglês avançado e pelo menos dois anos de experiência, o Leading The Future pode ser esse novo ciclo.

🌍 É o programa de aceleração de carreira da Randoncorp, multinacional presente em mais de 125 países, com frentes em mobilidade, automação, serviços financeiros e inovação.

São dois anos com mentorias, job rotation, projetos práticos e um salário de R$ 13 mil. Como é uma empresa presente em outros países, ter vontade de morar fora e trabalhar presencialmente em Caxias do Sul (RS), no início, é um pré-requisito.

Lembre-se que crescer também é saber quando dar um passo certeiro pra outro lugar.

Como transformar o autocuidado (e a sua saúde mental) em vantagem competitiva.

Mental Health GIF by South Park

Falar sério sobre saúde mental vai obrigatoriamente passar por uma coisa que pouca gente realmente faz: entender exatamente de onde vem o seu desgaste.

Não é sobre ter a mesma rotina de autocuidado que a sua influencer que faz yoga e diário da gratidão pela manhã; assim como não é sobre acordar às 4h30 pra pedalar 50km e virar triatleta.

Veja bem: não quero te dizer que essas práticas não ajudam. O objetivo desse texto é ir além disso — o objetivo é mostrar que o autocuidado é multifacetado e é algo pra você que pode não ser pra mim

Estresse, ansiedade, autocobrança, cansaço — tudo isso são só placas na estrada. O problema real tá no que está por trás disso.

Não podemos tratar saúde mental como algo genérico, como se fazer journaling com canetinhas importadas e coloridas de gel, terapia com cristais ou sei lá, um banho quente com sais minerais e bolhas fossem a resposta.

Como eu posso, então, sair da superficialidade com meu autocuidado?

Até agora, essa edição do the jobs já trouxe várias provocações, mas não necessariamente trouxe um ponto prático.

Agora é a hora de dar o primeiro passo prático pra entender onde começar a agir, mapeando 5 principais áreas:

💪 Físico: seu corpo não funciona como as 18 abas do seu navegador, que estão sempre abertas, 24/7. Se você tá arrastando o corpo, sem energia, exausto ou travado de dor, a pergunta é simples: seu corpo tá operando no limite? Dormindo mal? Se alimentando qualquer coisa? Horas sentado sem se mexer?

🫂 Social: tá se sentindo desconectado? Sem conversar com ninguém além do Slack e do WhatsApp do trabalho? Passou semanas sem ver gente que te faz bem?

❤️ Emocional: se tá vivendo no modo ansiedade, reagindo a tudo, no pico do estresse — isso é sinal de que sua dimensão emocional tá gritando. E aqui entra uma habilidade que ninguém ensina na escola: saber reconhecer seus próprios gatilhos, entender o que é urgente e o que só parece urgente, e aprender a se regular no meio do caos.

😇 Espiritual: não é sobre religião (pode ser, mas não precisa ser). É sobre sentido. Propósito. Reconexão. Tá há quanto tempo sem fazer algo que te lembra que sua vida é maior que esse looping infinito de e-mails, demandas e boleto? Provocação legal aqui: ignorar a dimensão espiritual não te faz mais racional — só te faz mais vazio.

🧠 Intelectual: esse é disparado o mais negligenciado. Sua cabeça precisa de combustível que não seja só tarefa e planilha. Se você parou de aprender, de se desafiar, de explorar coisa nova, sua mente vai atrofiando — e isso também vira cansaço. Trocar 3 episódios de série por um livro, uma aula, uma conversa boa, não é punição.

Essas 5 dimensões estão interligadas.

Quando você não faz esse diagnóstico real, começa a tentar resolver seu problema do jeito errado — e aí vira esse ciclo que você já conhece: “Putz, tentei fazer exercício, mas continuo mal.”

Você pode achar que tá exausto fisicamente, mas no fundo é porque tá socialmente isolado. Pode achar que precisa de mais foco, quando na verdade tá emocionalmente drenado.

Entender antes de tentar resolver. Isso é regra.

Depois de entender onde tá o buraco, vem o segundo passo: olhar pra quais ferramentas você tem — e quais você ainda precisa construir.

Nem tudo é imediato. Nem tudo é gratuito. Nem tudo é rápido.

A gente recomenda você olhar pro seu “inventário de táticas” em 3 níveis:

No primeiro nível: existem, primeiro, as táticas imediatas e que “estão ao alcance das nossas mãos”. São aquelas coisas simples, práticas, acessíveis: respiração, pausa, caminhada, banho quente, usar um app de meditação, desligar o celular, pedir um dia de folga. Ferramentas que não exigem dinheiro, nem grande planejamento. É o socorro imediato.

No segundo nível, existem as táticas que exigem algum tipo de investimento financeiro: aqui entra terapia, nutricionista, uma viagem, um check-up, até contratar um coach se fizer sentido. São coisas que custam dinheiro — e, por isso, muita gente posterga. Só que postergar isso custa muito mais caro depois.

As táticas do terceiro nível são consequência das táticas do segundo nível: exigem tempo, energia e principalmente consistência. É o trabalho mais difícil, mas o mais transformador. Ler aquele livro que te tira da superficialidade. Fazer um curso sério. Ter conversas difíceis. Rever seus hábitos. Construir disciplina. Cortar o que não te serve mais. Isso não é coisa que resolve no curto prazo, mas é o que te tira do looping no longo.

O que quero dizer com tudo isso?

Que até podemos lidar com a saúde mental e autocuidado investindo em certas coisas — mas essas coisas precisam ser complementares a como nós investimos nosso tempo, nosso esforço e nossa energia no que é significativo pra nós.

🗺️ Por que esse mapeamento é tão importante?

É importante, porque gera clareza. Entender qual das 5 dimensões exige mais trabalho hoje e entender quais são suas táticas de primeiro, segundo e terceiro nível traz especificidade pro seu jogo.

Isso faz você se entender melhor. Você para de copiar o playbook dos outros, para de tentar mascarar real com velas aromáticas e começa a construir, de verdade, uma estratégia de autocuidado que funciona pra você.

Já cansei de ver pessoas que, por acompanharem influenciadores nas redes sociais, acabam tentando “modelar” os comportamentos desses creators.

Aí essa turma acaba se tornando a pessoa que quer ler dois livros por mês, fazer a rotina matinal com diário de gratidão, acordar 5h pra correr ou pedalar, tomar não sei quanto tempo de sol na cara, fazer 1h de meditação por dia, blablabla.

Consequentemente (e obviamente), essas pessoas não conseguem fazer tudo isso direito e a rotina de autocuidado e saúde mental acaba, na verdade, virando um tiro no pé, porque a pessoa se cobra de não conseguir fazer tudo isso.

Esse mapeamento também te ajuda a criar limites.

você gostaria que continuássemos falando sobre "como definir e impor limites"?

Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas.

Fazendo o mapeamento, você pode entender que precisa marcar reuniões somente após as 9h para priorizar seus exercícios ou que não fará mais reuniões no almoço (autocuidado físico).

Você pode sair dos grupos de WhatsApp onde têm fofocas, porque não quer o peso dessa negatividade (autocuidado social).

Deu pra entender, né?

Ah, e ainda tem o último papel desse mapeamento — último, mas não menos importante:

Esse mapeamento, quando bem feito, te ajuda a criar as ambições certas.

E, para tratar o assunto “ambição contribui para a sua saúde mental” com a devida importância, criamos um vídeo no YouTube pra isso.

Você pode ouvir no caminho pro trabalho, durante o café da manhã, no almoço ou até na academia. Como preferir. Encare como uma “conversa inteligente” com um amigo:

Ah, e não esqueça de comentar o que achou. É importante demais!

🤖 E antes de ir para a nossa seção “fluêncIA”, onde mostramos como usar o conteúdo de hoje junto com inteligência artificial a seu favor, vamos para as recomendações da semana:

AGORA SIM, NOSSA SEÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APLICADA À CARREIRA.

Agora, toda edição vai ter a seção “fluêncIA”: em resumo, é uma edição que te ensina a usar a inteligência artificial para você aplicar os assuntos falados aqui hoje ao seu dia a dia, com o seu contexto.

Hoje, criamos um GPT customizado pra você conversar sobre essa edição — e também temos mais 2 prompts pra te gerar boas reflexões:

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