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Tomamos um café com a NotHead de Inovação e Marketing
Na última quinzena, tomamos um café com a Vanessa Giangiacomo, que já passou por grandes empresas, como Nestlé e KraftHeinz e, hoje, é Head de Inovação e Marketing da NotCo. Vamos às 7 perguntas que fizemos a ela.
1) Para começar, qual é a sua atual função e como você chegou até ela?
Atuo hoje como Head de Marketing e Inovação da NotCo no Brasil. Sou formada em Administração de Empresas pela ESPM, tenho MBA em Ciência do Consumo, e já acumulo 15 anos de experiência em marketing.
Meu caminho até a NotCo passou por empresas como Whirlpool, KraftHeinz, Hasbro e Nestlé, e por países como Argentina e Colômbia. Nessa jornada, experienciei as mais diversas vertentes do marketing — branding, comunicação, produto, inovação e trade marketing —, e tive o privilégio de ter grandes líderes e mentores que me ajudaram a chegar onde estou hoje.
2) Entre uma marca já estabelecida e uma marca que está sendo formada, qual é mais desafiadora?
Em uma marca já estabelecida você precisa honrar e cuidar do seu legado, as decisões precisam conectar passado, presente e futuro. Além disso, marcas maduras podem precisar se reinventar para gerar conexão com audiências atuais e isso é um desafio bastante grande para o líder, que não só precisa mover stakeholders internos como também engajar antigos e novos consumidores nessa transformação.
Já marcas novas tendem a nascer conectadas com os comportamentos atuais e em linha com as tendências, mas ela precisa criar reputação. É necessário que ela seja vista, conhecida, lembrada e, claro, preferida. Essa é uma jornada longa que, na maioria das vezes, exige bastante investimento e precisa estar alinhada com as frequentes mudanças de negócio que são normais em empresas jovens. Criar conexão e consistência — essenciais para um desenvolvimento saudável de marca — em cenários instáveis é bastante desafiador.
Respondendo diretamente à pergunta, particularmente, vejo a gestão de marca em desenvolvimento algo muito mais desafiador.
3) Durante a sua carreira, o que acha que foi mais importante — conhecimento técnico ou habilidades comportamentais?
Eu sou certa que eu não estaria onde estou sem o desenvolvimento de habilidades comportamentais, mas vejo que existiu o momento prioritário para trabalhar cada um desses conhecimentos.
No início da minha carreira até o primeiro nível gerencial foquei no desenvolvimento do conhecimento técnico. Dediquei a maior parte do meu tempo e energia em aprimorar essas habilidades e, em paralelo, trabalhei pontos como resiliência, agilidade emocional e, principalmente, autoconhecimento.
Ocupando, agora, uma cadeira mais sênior, vejo que a necessidade de conhecimentos técnicos diminuiu, e as chamadas “soft skills” se tornam absoluta prioridade. Atualmente, o meu papel está muito mais na gestão técnica, comportamental e emocional do meu time. Meu foco é eles estarem bem para fazer aquilo que são bons, diria até melhores que eu, e através de habilidades ligadas a negociação e influência destravar as possíveis barreiras que impeçam as suas entregas de acontecerem.
4) O que você considera quando alguém deseja entrar para o seu time? Quais habilidades você mais valoriza?
Como eu disse na pergunta acima, as habilidades valorizadas dependerão da posição e função que a pessoa ocupará. Porém, considerando o ambiente de startup foi fundamental montar um time com pessoas que se adaptam facilmente a mudanças, resilientes e com alto poder de execução.
5) Em carreiras criativas, principalmente as que envolvem o meio digital, qual é o peso da formação e da experiência?
Na minha visão, nesse caso, a experiência prática tende a ter um peso maior do que a formação acadêmica tradicional, embora esta última não seja desconsiderada. A experiência com projetos reais traz a habilidade de se adaptar rapidamente, inovar, resolver problemas e enfrentar desafios de forma mais rápida e eficaz.
Já a formação acadêmica fornece uma base teórica sólida e fundamental, principalmente relacionada à formação de pensamento e base argumentativa. O que eu vejo para as carreiras criativas no futuro é uma dinâmica mais fluida onde não teremos mais longuíssimos períodos de estudo, mas sim formações mais técnicas, especialistas e curtas, alinhadas com os desafios do ambiente de trabalho.
6) Quais são os 3 livros que você já leu e que você recomenda para os nossos leitores?
Pergunta difícil. Eu amo ler, e os livros têm um papel fundamental em quem eu sou. Confesso que não leio tantos livros ligados a negócio; prefiro aqueles que me fazem refletir e questionar minhas verdades. Mas tem três livros que me influenciaram bastante profissionalmente:
O lado difícil das situações difíceis, Ben Horowitz. Um livro que explica com completa nudez o mundo das startups. Foi uma leitura fundamental para entender a dinâmica dos diversos stakeholders, o pensamento dos investidores e como as decisões em um ambiente tão arisco precisam ser tomadas. Clique se quiser comprar.
Inteligência visual, Amy E. Herman. A autora de forma surpreendente mostra como podemos melhorar nossa capacidade de percepção e comunicação através da análise de obras de arte. Para quem trabalha com criação e comunicação, o livro traz uma forma nova e interessante para avaliar campanhas. Clique se quiser comprar.
Em Busca de Sentido, Viktor Frankl. Um clássico para aqueles que buscam desenvolver habilidades emocionais, aprender técnicas para enfrentar os inevitáveis revezes da vida e se inspirar numa história de pura inspiração. Clique se quiser comprar.
7) Qual foi o melhor conselho que já te deram no mundo corporativo?
Um conselho nada romântico, mas muito real: “primeiro o sapo fica grande, depois gordo e no fim ele está cheio de areia”.
Ele se refere aos sapos que temos que engolir conforme vamos subindo na carreira: as dificuldades diárias, as decisões que temos que executar e não concordamos, e todas as outras situações difíceis que se apresentam para um líder.
Quando recebi esse conselho, entendi a importância de criar o que eu chamo de “arsenal emocional”, que nada mais é do que o desenvolvimento das habilidades comportamentais, foco no meu autoconhecimento, na resiliência e no desenvolvimento da empatia.