David Ledson | Café com C-Level

nossa entrevista mensal com um C-Level renomado do mercado

Tomamos um café com o David Ledson

CAFÉ COM C-LEVEL

Nosso time, mensalmente, entrevista C-LEVELs, com o objetivo de extrair aprendizados da trajetória de cada pessoas. O café de hoje é com David — que inclusive é leitor do the jobs — e Co-Fundador da GarantiaBR e da Flashvolve, Board Member, mentor no G4 educação e no investidores.VC.

 De forma rápida, quem é você?

David é uma pessoa curiosa, uma pessoa extremamente incomodada, que acredita muito que há, dentro de cada pessoa, uma chama que precisa ser acesa e impulsionada. Acredito que as pessoas que transformaram o mundo têm muita fome de aprender, de impactar, de ajudar as pessoas. Me vejo com essa fome e, consequentemente, me beneficio por esse comportamento e por enxergar o mundo dessa forma. Então eu me vejo como alguém que ama fazer o que faz, que gosta de estudar, de conhecer o novo, e que faz tudo com muita vontade.

O que você acha que foi mais importante para você: relacionamento ou currículo?

Vejo uma tríade: i) a combinação de ambiente, ii) relacionamento e iii) conhecimento. O conhecimento técnico é importante, mas a soft skill é fundamental para que você construa relacionamentos e esteja feliz, em bons ambientes, que vão abrir portas para que você transforme oportunidades em negócios de impacto, seja social, financeiro etc.

O que você busca em uma pessoa que queira trabalhar com você?

Antigamente, eu olhava muito o currículo, buscando as experiências que o candidato tinha, o que essa pessoa já fez… Mas hoje eu tenho dado muita importância a essa chama, à fome, à vontade de construir, à vontade de transformar e aprender.

O conhecimento técnico, a gente ensina. Hoje, tem muitos mecanismos para isso. Agora, vontade, fome, caráter, essas coisas não têm como você ensinar no espaço curto de tempo; são vivências, são experiências, são adquiridos ao longo do tempo e que, para mim, hoje, são um diferencial competitivo.

Em geral, têm quatro elementos que eu gosto muito de avaliar. A coragem da pessoa (disponibilidade de tomar risco), ambição (aquela ambição saudável, de querer mais, de querer evoluir, de querer romper, de querer crescer), consistência (começar algo e continuar até realmente adquirir algum resultado) e liderança (capacidade de se tornar líder). Por fim, somado a isso tudo, a simplicidade, o último grau de sofisticação.

Qual dor você percebe que é a mais constante em suas mentorias?

Um dos maiores desafios hoje é que as pessoas não sabem o que elas querem ou quais são os seus problemas. Quando pergunto 'qual é o seu problema', muitos não sabem respondem. Isso é o que chamamos de diagnóstico.

A maioria das mentorias são muito mais comportamentais, é mais sobre mentalidade do que apenas habilidades técnicas. Se você não tem a mentalidade certa, não adianta você ter ferramentas e técnicas necessárias para resolver seu problema.

Eu falo muito isso nas imersões e nas mentorias. Você tem a sua história, eu tenho a minha história e durante a minha história e a sua, nós ganhamos uma mochila, em que vamos acumulando diferentes experiências, erros e acertos; frustrações e conquistas. Com o tempo, as coisas passam a fazer mais sentido, porque você começa a tirar ferramenta certa para resolver o problema certo.

O filme que simplifica isso é 'Quem quer ser um milionário?' Durante a história, ele vai resolvendo várias perguntas até ele chegar à pergunta do milhão. O apresentador se surpreende com os consecutivos acertos e se pergunta como ele sabia de tudo… A resposta? Para mim, ele foi acumulando experiências na sua mochila e, de repente, quando a situação ou problema parecia, ele tinha a solução porque ele as vivenciou.

Como que você gerencia o stress e traz a alta performance?

Não acredito no conceito tradicional de equilíbrio. Acredito mais em uma equalização, que envolve acordos, intencionalidades, disciplina e entrega específica em cada área da vida.

Sempre, você vai ter que abrir mão de prazeres de curto prazo em detrimento de resultados de longo. Alta performance é resultado de esforço, é sobre atingir resultados que a média não consegue atingir, por meio de disciplina, consistência e foco.

Para isso, você precisa aprender a dizer não e escolher aonde irá adequar as suas energias. Se conhecer é um diferencial competitivo para evitar burnout, estresse, ansiedade, depressão. Você criar mecanismos de saudabilidade de escape.

As pessoas muitas vezes dizem 'Ah, mas eu não tenho tempo', é sempre uma questão de organização. Saúde, para mim, é uma prioridade. Com isso, eu vou à academia todos os dias às 6h da manhã, mesmo quando não estou com vontade.

Existe uma ferramenta chamada roda da vida, em que você tem dez pilares, e cada pilar é uma área da sua vida, em que você se dá uma nota. Quando você começa a dar notas baixas para a maioria das suas áreas, isso se torna problemático e requer revisão. Por outro lado, é muito difícil você ter dez em todas as áreas.

O que eu acredito é que você vai buscando evoluir em cada pilar, se conhecendo mais e descobrindo em quais você precisa evoluir mais. Você vai precisar escolher algumas batalhas em determinados períodos da sua história.

O que você identifica de habilidades em comum entre os grandes empreendedores com quem você já trabalhou?

É muito difícil falar que eles têm uma característica em comum, mas são características próximas. O que eu percebo é que está muito relacionado à resiliência, à fome, e a acreditar no seu sonho, no seu propósito. Além de um nível de esforço absurdo… Não é só talento.

Já observei founders que, mesmo sem muito talento, compensavam com esforço e alcançavam seus objetivos. Por outro lado, também presenciei founders com muito talento, mas pouco esforço, que igualmente chegaram longe. Mas eu já vi gente transformar o mundo porque combinava as duas coisas: tinha muitos talentos e era muito esforçado.

Quais são os 3 livros que você já leu e que você recomenda para os leitores?

Essencialismo | Aprender a dizer não, escolher as coisas certas.

Antifrágil | É uma análise de risco, é um livro de filosofia, o investimento.

O Lado Difícil de Situações Difíceis | Como liderar e gerenciar pessoas.

E, em determinada fase da minha vida, estudei bastante a Bíblia.

Como que você aprende?

Adoro estudar, é algo que me inova todos os dias. Eu fiz mestrado, então acabei criando uma disciplina de leitura de estudos. Hoje, eu tenho consumido muito podcasts e artigos. Às vezes, quero estudar um novo tema – como blockchain, mercado financeiro – então pesquiso palestras e autores.

Com isso, eu vou criando uma linha de pesquisa e eu gosto de buscar contrapontos, enxergar diferentes autores. Além disso, eu sou mentor no G4 Educação, e muitas vezes aprendo com meus alunos. Toda mentoria é uma sala de aula para mim – com os questionamentos, as provocações. Com vontade, disciplina, alta responsabilidade, é possível aprender qualquer coisa.

Qual foi o melhor conselho que já te deram no mundo corporativo?

Houve vários momentos marcantes na minha carreira, e sinto que seria injusto destacar apenas um. No entanto, um que sempre vem à mente ocorreu quando assumi um cargo de liderança na Votorantim. Ao perguntar ao meu diretor qual conselho ele me daria, ele respondeu: "Você possui o conhecimento técnico. Se foi contratado aqui, é porque acreditamos em seu potencial. A única coisa que precisa fazer é se posicionar."

Muitas vezes, possuímos o conhecimento e sabemos o que deve ser feito ou dito, mas nos falta a coragem de falar. Nunca tive medo de me posicionar, e isso me levou a patamares profissionais que nunca imaginei alcançar. Por isso, se eu pudesse deixar um conselho aos leitores do the jobs, seria: posicione-se.

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