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lidando (muito) melhor com as pessoas
principalmente aquelas muito diferentes de você
👋 Você está recebendo uma edição exclusiva para assinantes. Boas-vindas às novas 816 pessoas que se inscreveram no the jobs desde a última segunda-feira! Agora, somos 38.631 leitores na maior comunidade de futuros&novos líderes do Brasil.
Fala, Jobs.
Segunda-feira é o dia do nosso 1:1 favorito — prepare-se para uma edição que vai trazer muitas provocações.
A edição de hoje é menos técnica e muito mais relacionada a um aspecto comportamental que se aplica à vida de todos.
Sem exceção.
Particularmente, acredito que essa será a principal edição entre todas que já escrevi até hoje no the jobs. Você vai entender.
Nesta edição, falaremos sobre:
Um conceito diferente que vai mudar completamente o jeito pelo qual você enxerga as pessoas à sua volta;
Duas ações práticas (para aplicar exatamente hoje) para lidar muito melhor com as pessoas à sua volta;
Mais uma rodada de respostas às dúvidas profissionais dos nossos assinantes.
Se tudo der certo, esse é o efeito que queremos produzir com a edição de hoje:
Vamos nessa?
Você ajuda a construir o the jobs
Você já sabe que temos a nossa sessão de dúvidas profissionais na qual você pode submeter seus desafios (ou desabafos, risos) e o nosso time de mentores te ajuda com insights, referências e sugestões, certo?
Se você é novo/a aqui, agora já sabe que o the jobs é construído também com vocês 😉 como, literalmente, uma mentoria por e-mail.
Mas aí vem uma dúvida legal: nós já recebemos quase 250 desafios profissionais, e muitos deles são temas incríveis para abordarmos em uma edição.
O que você acha de uma edição no formato atual do the jobs como você já conhece, alternando com uma edição só de respostas aos desafios dos assinantes?
Ou seja: A cada 15 dias, abordamos muito mais respostas dos desafios que vocês nos mandam — que, normalmente, são desafios que muitos futuros&novos líderes têm em comum.
O que você acha de edições quinzenais somente com respostas aos desafios de vocês, assinantes? |
Não vamos tomar essa decisão sem vocês. Aguardamos seu voto.
Lembrando, clique no botão abaixo para compartilhar seu maior desafio e abordarmos ele nas próximas edições.
Agora sim, vamos ao conteúdo de hoje!
A loteria da vida — e como ela pode mudar tudo que você conhece sobre pessoas e relacionamentos
Nós gostamos de pensar que estamos no controle das nossas vidas, né?
Eu entendo.
Nosso cérebro funciona melhor assim. Ele não lida bem com incertezas.
Gostamos de pensar — e somos influenciados a pensar — que somos diretamente responsáveis pelo nossos sucessos e fracassos; que nós podemos e devemos assumir a culpa ou o crédito pelo que fazemos.
Mas o texto de hoje vai mostrar rapidamente que a vida talvez não seja tão simples assim. (Mesmo embora seja isso que praticamente todo livro de autoajuda e psicologia fala.)
Existem muito mais coisas que estão completamente fora do nosso controle do que coisas que estão dentro do nosso controle.
A sorte está muito mais presente nas nossas vidas do que gostaríamos de acreditar.
E esse não é um texto pra te levar ao estilo niilista de vida — também conhecido como YOLO: you only live once.
Spoiler: Prepare seu ego, porque esse texto talvez seja uma viagem turbulenta. Nós não escolhemos existir e, como recém-nascidos, não somos responsáveis pela nossa própria natureza.
É sobre isso que vamos falar e sobre o que fazer a partir disso.
Ah, você vai entender como isso impacta diretamente seu desempenho profissional e suas ambições
Vamos começar alinhando algumas informações que, por muitas vezes, deixamos passar despercebidas:
Eu e você herdamos genes pelos quais não pedimos.
Nós enfrentamos um mundo no qual não tivemos participação alguma em criar.
Nós não escolhemos o ambiente no qual crescemos (e que vai nos influenciar).
Nós não escolhemos nossa identidade e personalidade, nós herdamos ela.
É só pensar um pouco nisso que chegamos à conclusão de que o ponto inicial da nossa vida está em dependência completa de forças genéticas e forças do ambiente à nossa volta que estão fora do nosso controle.
Ou seja: nós não temos poder algum de escolha sobre nada disso que define quem seremos.
E essas forças vão nos transformar e moldar em muitas coisas: nos adultos que nos tornamos, vidas que levamos, crenças e valores que aprendemos a ter e muito mais.
Isso é, literalmente, a loteria da vida.
A realidade é que não existe nada interno ou externo de nós que é realmente uma página em branco quando chegamos ao mundo.
Pare para pensar nisso.
Tudo sofre influência de algo, e nós não temos controle sobre nada disso ao nascer.
Não controlamos onde nascemos (se é um país de primeiro ou terceiro mundo, se é uma área tranquila ou violenta da cidade ou até se é um país em guerra).
Não controlamos quando nascemos (se é em uma geração diferente da outra, se é em uma época de crise ou não).
Não controlamos com quem nascemos (genética, raça, etnia, aparência física, condições de nascimento, gênero, orientação sexual).
Não controlamos (a maioria) do condicionamento que recebemos ao crescer (língua, símbolos e valores, educação, religião, ideologias).
Mais que tudo isso…
Pense em com quem você cresceu, com quem você foi à escola nos primeiros anos, com quem você praticou esportes, com quem você criou amizades…
Tudo isso (e muito mais) foi super influenciado pela loteria da vida e influenciou em você se tornar quem você é hoje.
Nós somos o produto de uma equação absurdamente complexa.
Pessoas de diferentes gerações, criadas por pais que tiveram rendas e valores diferentes, em diferentes partes do mundo, nascidas em diferentes condições socioeconômicas, que passaram por graus diferentes de sorte e tiveram experiências de vida diferentes, vão aprender lições também muito diferentes. — Morgan Housel
Filosófico suficiente o papo? risos.
Mas calma.
Eu sei que parece que nós estamos completamente jogados ao acaso com o que eu escrevi agora.
(Em partes, é verdade e não necessariamente ruim — mas podemos deixar essa discussão pra outra hora, porque essa fica muito filosófica mesmo.)
Nós estamos todos os dias fazendo escolhas.
Só que essas escolhas estão sendo feitas com um cérebro que nós não escolhemos. Um cérebro cujo funcionamento nós nem entendemos 100% ainda.
Esse conhecimento influencia diretamente a sua vida, porque influencia todos os seus relacionamentos (principalmente os profissionais).
Tudo é sobre relacionamentos.
Você não constrói nada sozinho — eu também não.
Os relacionamentos pessoais são escolhas já feitas, mas os relacionamentos profissionais muitas vezes não são escolhas.
E ter consciência da loteria da vida é abrir uma nova porta, quase como uma nova dimensão, de como ter melhores relacionamentos.
O que é simples pra você pode ser uma tarefa absurdamente complicada para outra pessoa. Nós precisamos entender isso.
O que é bom pra nós pode ser literalmente uma porcaria para outra pessoa. Nós precisamos entender isso.
Nós precisamos entender isso e entender que praticamente todas as diferenças não são, necessariamente, por culpa das outras pessoas.
E eu já te adianto: Entender isso não dá nem de perto tanto trabalho quanto aplicar isso na prática. Você vai ser resistente e vai deixar seu lado mais impulsivo falar mais alto — faz parte.
Mas é se lembrando da loteria da vida que nós podemos construir relacionamentos melhores.
Quando aquela pessoa responder a um email de um jeito diferente;
Quando aquela pessoa se portar de certa maneira em uma reunião;
Quando aquela pessoa fizer algo com o qual você não concorda…
As pessoas podem mudar? É logico que podem.
Mas precisamos nos lembrar que a capacidade de mudar também é influenciada pela loteria da vida.
Quando você entende que literalmente um traço genético pode fazer com que uma pessoa dê um salto de fé para frente, mas também faz com que outra pessoa tenha uma dificuldade enorme de se arriscar, o mundo se torna um lugar melhor.
Quando você entende isso, o mundo se torna um lugar melhor. Não porque você influenciou algo no mundo, mas porque você começa a enxergar o mundo de um jeito diferente.
Quando enxergamos essa loteria da vida, nos tornamos mais pacientes, mais compreensivos e conseguimos relevar algumas coisas que costumam atrapalhar relacionamentos.
Uma provocação saudável
Eu sei que esse assunto parece diferente do padrão do the jobs, mas não é.
Existem provavelmente infinitas possibilidades de nos tornarmos melhores a cada dia.
Todas elas se resumem a “ser uma pessoa mais curiosa”.
As pessoas que são as melhores no final são, geralmente, as mais curiosas no começo.
Curiosidade é a consequência de conhecer a loteria da vida.
E curiosidade não é algo que falamos que temos — é algo que mostramos que temos.
Falamos com nossas ações, não com palavras.
Traduzindo aprendizados da loteria da vida para o seu dia a dia
Quero mostrar pra você com 2 exemplos bem legais — e simples — como conhecer a loteria da vida e a curiosidade impactam diretamente a sua carreira e a liderança que você está desenvolvendo a cada dia que passa, independentemente do seu nível atual.
1) Pessoas são como árvores
Eu sei que parece estranho… Mas posso explicar — e acho que você vai gostar.
Eu já comentei brevemente sobre isso em um pequeno trecho de uma edição antiga do the jobs, mas é definitivamente um assunto que vale aprofundar.
Pare pra pensar quando você está na estrada ou caminhando, em algum lugar que tenha muitas árvores.
Você olha para várias árvores, reparando nelas e vendo que existem alguns formatos super diferentes:
Uma é mais torta, outra é mais reta.
Uma tem plantas mais verdes, outra tem menos plantas.
Uma tem as raízes pra fora, outra quase nem tem galhos.
E por aí vai…
Você já reparou que a gente olha para as árvores e a gente simplesmente "permite que elas sejam o que são”?
Eu nunca ouvi uma pessoa chegar e falar “cara, que árvore horrível”.
A gente só aprecia elas…
A gente só observa e vê por que elas são como são.
Talvez elas não tenham recebido muita luz e se entortaram pra alcançar luz.
Talvez elas não tenham sido regadas apropriadamente no início e nasceram diferentes.
Talvez elas tenham crescido em um solo diferente que gerou um certo impacto.
A gente entende.
Ninguém se incomoda quando vê uma árvore diferente.
Mas, no instante em que mudamos o assunto de “árvores” para “outras pessoas”, tudo isso se perde.
A gente fala que as pessoas “são muito X” ou “são muito Y” ou até “eu sou muito Z”.
O lado julgador do cérebro aparece — e não some.
A gente questiona, julga e se deixa influenciar.
Então, uma das principais práticas de liderança e relacionamentos que já aprendi é de “transformar pessoas em árvores”.
Nós precisamos manter ativa a curiosidade de conhecer pessoas, porque as dificuldades que nós temos de entender as outras pessoas é muito similar à dificuldade que as outras pessoas também têm para nos entender.
Ninguém nasceu e viveu como nós. Tudo foi diferente.
Eu não sei como seria minha vida se eu tivesse nascido em outras condições — e você também não.
Precisamos respeitar isso.
E precisamos “espalhar a palavra” da loteria da vida para melhores relacionamentos.
👉 Como podemos aplicar isso na prática e “ver mais pessoas como árvores”?
Liste 3 pessoas do seu convívio sobre as quais você já criou algum tipo de pré-conceito, alguma opinião sobre o jeito da pessoa ou algo do tipo — esse é o primeiro passo.
O segundo é tentar entender de onde veio esse “jeito que é diferente do seu jeito” — nada mais.
Não existe um jeito certo de aplicar isso na prática, porque existem infinitas combinações e possibilidades de motivos para existirem essas diferenças - mas o jeito certo é simplesmente pensar sobre isso, porque ganhar consciência já abrirá muitas possibilidades e deve nos fazer pessoas mais empáticas.
Atenção: São duas coisas muito diferentes “tentar entender os motivos pelos quais as diferenças existem” vs. “aceitar as coisas como são e não fazer nada para mudar isso”.
Por favor, não deixe de fazer a lista, mas também não deixe essa reflexão evitar conversas difíceis e necessárias sobre, por exemplo, comprometimento e nível de excelência.
2) E se você errar?
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